O programa Água Doce, no Nordeste, transforma a água salgada em
potável, ajudando a população local a se manter.
(Foto: Fernanda Birolo - Embrapa Semiárido)
1Dessanilização
É difícil conceber que o Planeta Azul venha a sofrer com a falta de água, não é? Mas tirar o sal (ou dessalinizar) a água do mar não é um processo fácil. Veja o que vem sendo feito para minimizar a falta de água doce em vários países, incluindo o Brasil.
Nos últimos 45 anos, o volume de água dessalinizada no mundo subiu de basicamente zero para 60 bilhões de litros por dia. A solução, que começou a ser implantada na década de 1970 no Oriente Médio, hoje já está presente em mais de 150 países. O motivo desse crescimento é simples: a água doce está ficando cada vez mais escassa, principalmente por causa do crescimento populacional e da expansão das atividades agrícola e industrial.
Para constatar o tamanho do problema, basta relembrar as aulas de Ciência ainda no Ensino Fundamental: 97,5% da água da Terra é salgada, sendo que cerca de 1% disso está em lençóis freáticos salobros. Dos 2,5% de água doce que temos no Planeta, cerca de 2/3 se concentram em geleiras.
Apesar de ser uma solução para um consumo abundante, a dessalinização não pode ser vista sem ressalvas. Os métodos utilizados ainda são caros e há muita discussão sobre o impacto disso para o meio ambiente. Como resultado da dessalinização, geralmente o que fica é uma mistura salmoura concentrada que precisa ser descartada e pode ser prejudicial à natureza. Além disso, jogá-la ao mar faz com que o teor de sal dos oceanos aumente – o que prejudicaria as formas de vida marinhas. Isso já acontece em alguns trechos do Golfo Pérsico, por exemplo. Mas há soluções – veja abaixo uma iniciativa brasileira que considera toda a cadeia até o descarte.
Como é feito?
O método de dessalinização mais comum funciona como uma destilação em grande escala. Ou seja, a água salgada é aquecida até evaporar, separada do sal e depois condensada novamente. Um processo que também é bastante utilizado se chama “osmose reversa”. A água passa por uma membrana que remove o sal, e esse processo consome menos energia do que o que seria necessário para ferver a água. Hoje, no mundo, esses dois processos somados são responsáveis por quase 90% da água dessalinizada que vem sendo consumida.
No Brasil, existe um programa do governo federal que prevê a dessalinização de águas salobras no Nordeste brasileiro, fornecendo água potável para famílias que historicamente sofrem com a seca da região. A região Nordeste conta com apenas 5% das reservas nacionais de água doce. Grande parte da água disponível no semiárido, em lençóis subterrâneos, tem mais sal do que o recomendado para o consumo humano. Ou seja, é muito comum, ao furar um poço artesiano, que os moradores do local se deparem com água imprópria.
Para constatar o tamanho do problema, basta relembrar as aulas de Ciência ainda no Ensino Fundamental: 97,5% da água da Terra é salgada, sendo que cerca de 1% disso está em lençóis freáticos salobros. Dos 2,5% de água doce que temos no Planeta, cerca de 2/3 se concentram em geleiras.
Apesar de ser uma solução para um consumo abundante, a dessalinização não pode ser vista sem ressalvas. Os métodos utilizados ainda são caros e há muita discussão sobre o impacto disso para o meio ambiente. Como resultado da dessalinização, geralmente o que fica é uma mistura salmoura concentrada que precisa ser descartada e pode ser prejudicial à natureza. Além disso, jogá-la ao mar faz com que o teor de sal dos oceanos aumente – o que prejudicaria as formas de vida marinhas. Isso já acontece em alguns trechos do Golfo Pérsico, por exemplo. Mas há soluções – veja abaixo uma iniciativa brasileira que considera toda a cadeia até o descarte.
Como é feito?
O método de dessalinização mais comum funciona como uma destilação em grande escala. Ou seja, a água salgada é aquecida até evaporar, separada do sal e depois condensada novamente. Um processo que também é bastante utilizado se chama “osmose reversa”. A água passa por uma membrana que remove o sal, e esse processo consome menos energia do que o que seria necessário para ferver a água. Hoje, no mundo, esses dois processos somados são responsáveis por quase 90% da água dessalinizada que vem sendo consumida.
No Brasil, existe um programa do governo federal que prevê a dessalinização de águas salobras no Nordeste brasileiro, fornecendo água potável para famílias que historicamente sofrem com a seca da região. A região Nordeste conta com apenas 5% das reservas nacionais de água doce. Grande parte da água disponível no semiárido, em lençóis subterrâneos, tem mais sal do que o recomendado para o consumo humano. Ou seja, é muito comum, ao furar um poço artesiano, que os moradores do local se deparem com água imprópria.
Tecnologia utilizada permite que mistura salmoura seja direcionada à tanques de criação de tilápia, transformando-se em renda para as famílias. (Foto: Fernanda Birolo - Embrapa Semiárido)
Por isso, o governo criou o programa Água Doce, que beneficia quase 95 mil pessoas. Com a tecnologia usada no programa, um litro de água salgada se transforma em 1/2 litro de água doce. O restante é direcionado para tanques de piscicultura – o que também se transforma em renda para as famílias do entorno. O programa atua no semiárido brasileiro, que inclui parte dos Estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, além de Minas Gerais. Em 2013, outros dois Estados também devem firmar o convênio com o governo federal e passar a fazer parte do Água Doce: Pernambuco e Maranhão.
O Água Doce prevê um sistema que minimiza os impactos ambientais causados pela dessalinização. Isso porque a água salobra que resta do processo é encaminhada aos tanques de criação de tilápias – mas não para por aí. Depois, essa mesma água, enriquecida em matéria orgânica, é aproveitada na irrigação da erva-sal, utilizada na produção de feno. Esse feno alimenta caprinos e/ou ovinos, encerrando a cadeia de maneira sustentável.
Cidades dessalinizadas
Em algumas cidades que sofrem com o clima árido, a dessalinização é uma realidade que garante boa parte da água usada em suas indústrias e consumida por seus habitantes. É o caso de Antofagasta, no norte do Chile. Localizada na região do Deserto do Atacama, a cidade convive com a falta crônica de chuvas e barreiras naturais, como a própria Cordilheira dos Andes.
Por isso, a cidade optou por construir plantas de dessalinização que garantem o uso da água proveniente do Oceano Pacífico – 5% vão para seus 400 mil habitantes, enquanto o restante é usado na indústria de mineração de cobre. Hoje, o desafio do município é encontrar maneiras de baratear o custo do processo de dessalinização e reduzir perdas – algo que todos, mesmo aqueles que ainda contam com água doce em abundância, deveríamos aprender.
O Água Doce prevê um sistema que minimiza os impactos ambientais causados pela dessalinização. Isso porque a água salobra que resta do processo é encaminhada aos tanques de criação de tilápias – mas não para por aí. Depois, essa mesma água, enriquecida em matéria orgânica, é aproveitada na irrigação da erva-sal, utilizada na produção de feno. Esse feno alimenta caprinos e/ou ovinos, encerrando a cadeia de maneira sustentável.
Cidades dessalinizadas
Em algumas cidades que sofrem com o clima árido, a dessalinização é uma realidade que garante boa parte da água usada em suas indústrias e consumida por seus habitantes. É o caso de Antofagasta, no norte do Chile. Localizada na região do Deserto do Atacama, a cidade convive com a falta crônica de chuvas e barreiras naturais, como a própria Cordilheira dos Andes.
Por isso, a cidade optou por construir plantas de dessalinização que garantem o uso da água proveniente do Oceano Pacífico – 5% vão para seus 400 mil habitantes, enquanto o restante é usado na indústria de mineração de cobre. Hoje, o desafio do município é encontrar maneiras de baratear o custo do processo de dessalinização e reduzir perdas – algo que todos, mesmo aqueles que ainda contam com água doce em abundância, deveríamos aprender.
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