Esgoto Doméstico
A água usada nas atividades domésticas se transforma no resíduo líquido conhecido como esgoto, que pode causar sérios problemas tanto ao meio ambiente quanto à saúde das pessoas. O esgoto doméstico pode ser tratado com relativa facilidade antes de ser lançado no ambiente. Infelizmente, tratamento de esgoto nunca foi prioridade para o poder público e para a população em geral, o que resulta em baixos índices de coleta e tratamento no Brasil. Quando falamos no problema do esgoto temos que pensar em dois tipos de impacto: o sanitário e o ambiental. O impacto sanitário envolve os problemas de saúde pública causados pelo esgoto, que propaga doenças quando não é coletado e tratado corretamente. As estatísticas mostram que a qualidade de vida da população está ligada diretamente a boas condições sanitárias. Por muito tempo, as ações públicas e individuais em relação ao esgoto deram prioridade somente ao aspecto sanitário. A questão ambiental só começou a ser considerada recentemente. No mundo atual, porém, não faz sentido resolver apenas os problemas do esgoto que ameaçam a saúde da população. A saúde do ambiente também deve ser preservada, afinal, se o ambiente se degradar, a qualidade de vida da população vai cair também. Essa é uma praga que assola o país de norte a sul, cujo tratamento adequado demandaria por volta de U$ 24 bilhões, número impossível de imaginar, por ser apenas um ítem nas dezenas ou centenas de outras prioridades a serem consideradas. |
O saneamento é elemento fundamental para a saúde.
Falta de saneamento adequado é a responsável pela internação de 65% das crianças
brasileiras até 11 anos em hospitais da rede pública.
Maiores vítimas do descumprimento da Lei Orgânica da Saúde (Lei 8080/90),
que prevê o direito fundamental a saneamento e meio ambiente, elas sofrem de
doenças que poderiam ter sido evitadas com tratamento de esgoto, controle de vetores,
Para cada R$ 1 investido em saneamento, o setor público economizaria R$ 4 em medicina curativa. No Brasil, pelo menos 80 doenças são transmitidas pela falta de saneamento.
Neste caso estão, por exemplo, cólera, esquistossomose, febre tifóide, tracoma e diarréia.
A implementação de saneamento no país evitaria 80% dos casos de febre tifóide,
60% dos de tracoma, 70% de esquistossomose e 40% de disenteria. Além dessas doenças,
seriam prevenidas a amebíase, algumas gastroenterites e infecções cutâneas.
Segundo dados do Ministério da Saúde, apenas 30% da população brasileira recebem água vinda de fontes inseguras e 56% não têm solução adequada para a disposição de esgoto.
5,39% da população urbana e 10% da rural lançam esgoto em vala, rio,
lago, mar ou outro tipo de escoadouro. Além disso, 31,4% dos moradores de cidades
não têm banheiro, o que ocorre com 37,61% da população rural. No Brasil, 47% das
cidades não têm uma rede coletora de esgoto.
Dos mais de 5 mil municípios brasileiros, apenas cerca de 50 recolhem e tratam
adequadamente os esgotos domésticos gerados e que não podem parar de
ser gerados, e que vêm degradando, de forma impiedosa e contínua,
os nossos recursos hídricos de água doce e nossos mares.
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É a poluição da riqueza que gera a pobreza, que gera a poluição da pobreza, que
gera mais pobreza: pelo encarecimento que acarreta no tratamento das águas
(onde há esse tratamento) para o consumo humano; pela redução sistemática
das fontes de subsistência retiradas dos rios, lagos e mares. Não bastasse, e o
que é principal, os esgotos não tratados são a porta de entrada de um sem número
de doenças, já há muito tempo erradicadas em várias nações. É a marca registrada
do subdesenvolvimento.
Se fosse possível comparar os custos de saneamento (tratamento adequado dos
esgotos domésticos) com aqueles hoje já despendidos � afim de sustentar a saúde
do povo, livrando-o das doenças advindas � contra os custos relativos ao baque sofrido
no potencial de mão de obra, devido a absenteísmo e debilidades, ver-se-ia que
o assunto é uma emergência nacional.
Considerando os esgotos que são lançados "in natura" e que atingem
os grandes mananciais de abastecimento d'água, em forma de rios, percebe-se que,
no geral, os esgotos de um município irão, em princípio, afetar a qualidade das águas
do município vizinho mais abaixo (jusante), no rio. Tal fato leva a uma espécie de descaso
pelo assunto do governante do município poluidor (a montante): -"Afinal, se minha água já
vem suja de cima e tenho que tratá-la, que meu vizinho, de baixo, a trate também; por
que limpá-la para ele?"
Visto esse aspecto, o tratamento de esgotos, em nível municipal, é sempre uma
iniciativa que tende a ser "empurrada com a barriga".
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